Boas práticas dão resultado, mas degradação ainda cresce nas pastagens da Amazônia mato-grossense
Estudo divulgado nesta semana mostra que a degradação das pastagens na porção amazônica de Mato Grosso aumentou em 123 mil hectares. Porém, houve redução deste índice em áreas onde boas práticas agropecuárias foram adotadas.
Estudo
divulgado nesta semana mostra que a degradação das pastagens na porção
amazônica de Mato Grosso aumentou em 123 mil hectares. Porém, houve redução
deste índice em áreas onde boas práticas agropecuárias foram adotadas.
As informações constam no “Diagnóstico das Pastagens
na Amazônia Mato-grossense”, divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com
base em dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento
(Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
O documento detalha o perfil das pastagens de 18
municípios de Mato Grosso, sendo 17 que compõem o Território Portal da Amazônia
e Cotriguaçu. O levantamento de campo avaliou 11 características relacionadas
ao manejo para determinar a condição atual das pastagens.
O diagnóstico considera dados levantados de 2015 a
2021 com validação em campo no ano de 2022. Neste intervalo, houve redução de
54.060 hectares na área total de pastagem da região e um aumento da degradação
das pastagens existentes.
A queda na área de pastagem está ligada ao avanço da
agricultura na região, sobretudo lavouras de soja e milho.
Para o analista de geotecnologias do ICV, Weslei
Butturi, o estudo apresenta dados que podem ser utilizados como referência por
gestores na tomada de decisões.
“Os gestores privados e públicos, sejam municipais ou
estaduais, conseguem, a partir destes dados, tomar decisões, saber quais
municípios estão mais críticos e propor linhas de crédito e de assistência
técnica mais precisas”, disse.
Boas
práticas
Na intenção de apresentar modelos alternativos de
produção, o ICV estimulou a adoção das técnicas previstas no manual de Boas
Práticas Agropecuárias da Embrapa (BPA) em um conjunto de imóveis rurais na
região Norte de Mato Grosso.
A adoção deste modelo se deu por meio dos projetos
“Pecuária Integrada de Baixo Carbono” e “Programa Novo Campo”, ambos
capitaneados pelo ICV e com atuação da porteira para dentro.
“O ICV procurou esses produtores, fez um diagnóstico
destas propriedades e propôs ações de melhorias no manejo das pastagens. Ações
como: análise de solo, correção de fertilidade, ajustes no manejo do rebanho,
dentre outras”, disse Butturi.
Como resultado, os dados apresentados em cinco
propriedades rurais que tiveram acompanhamento de projetos do ICV se mostraram
positivos quanto ao aumento da qualidade das pastagens, onde 276,8 hectares
deixaram de apresentar sinais de degradação no período analisado.
Levantamento
O estudo foi realizado a partir do mapeamento das
pastagens por meio de imagens de satélite pelo Lapig e posterior validação em
campo com pontos amostrais. Ao todo, 271 áreas foram definidas para validação.
Dessas, os pesquisadores conseguiram acessar 255, totalizando 94% do total.
As características consideradas para avaliação das
pastagens em campo foram: estágio de desenvolvimento, presença de invasoras,
presença de cupins, disponibilidade de forragens, disponibilidade de folhas
verdes, condição atual, potencial produtivo, degradação agronômica, degradação
biológica, cobertura do solo e avaliação de manejo.
Para caracterização das condições das pastagens,
foram determinadas três categorias que definiram os níveis de degradação, sendo
elas “ausente”, “intermediária” e “severa”.
No período do estudo, 123.166 hectares (4,69%) de
pastagens classificadas como ausentes de degradação mostraram piora em sua
condição. Essas áreas foram redistribuídas para as categorias de degradação
intermediária, que cresceu 110.894,9 hectares (4,23%), e severa, que registrou
aumento de 12.271,2 hectares (0,47%).
Marcha
para o Oeste
Segundo o analista, essa redução na área de pastagens
não ocorreu de forma linear ao longo dos anos. No intervalo de 2015 a 2017, por
exemplo, houve aumento na área de pastagem na região. De 2018 a 2021, com a
ampliação do cultivo de soja e milho, o movimento foi de queda.
Nova Bandeirantes, Apiacás e Cotriguaçu, no oeste do
território, puxaram o aumento nas áreas de pastagem. Mais ao centro e ao leste
da região, a redução se concentrou nos municípios com uso de solo mais
consolidado, como Alta Floresta, Novo Mundo, Nova Santa Helena e Matupá.
“Os resultados do estudo apontaram uma polarização da
condição das pastagens no território. Os municípios localizados mais a oeste em
geral aumentaram suas áreas de pastagem, ao mesmo tempo que tiveram uma intensa
transição de áreas para agricultura e em geral pioraram a condição de suas
pastagens”, diz trecho do estudo.
O analista destacou ainda que a maior transição das
áreas de pastagens para agricultura ocorreu em propriedades cadastradas no
Sistema Mato-grossense de Cadastro Ambiental Rural (SIMCAR). Ao mesmo tempo,
houve um aumento de área de pastagem nos imóveis não cadastrados no SIMCAR.
Em todos os municípios avaliados houve perda de
remanescente de vegetação nativa no período avaliado, mas em diferentes
proporções. As maiores perdas aconteceram nos municípios localizados nos
extremos leste e oeste do território, sendo eles Nova Bandeirantes e
Marcelândia, ambos apresentam altos percentuais de remanescente de vegetação
nativa e baixos percentuais de área consolidada.
VEJA O ESTUDO AQUI
Fonte: Assessoria de Comunicação - Instituto Centro de Vida
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