Dólar abre em alta e volta a ser cotado acima dos R$ 5,40, com juros e risco fiscal no radar
A expectativa do mercado financeiro é de que o Copom mantenha a taxa Selic inalterada em 10,50% ao ano
O
dólar abriu em alta nesta segunda-feira (17) e voltou a ser cotado acima dos R$
5,40, iniciando uma semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom)
do Banco central do
Brasil (BC) se reúne para decidir a nova Selic, taxa básica de
juros.
A
expectativa do mercado financeiro é de que o Copom mantenha a taxa Selic
inalterada em 10,50% ao ano, por conta da aceleração da inflação brasileira, ao
mesmo tempo em que os juros permanecem elevados nos Estados Unidos.
Veja
abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Às
10h15, o dólar subia 0,42%, cotado a R$ 5,4046. Na máxima do dia, já
bateu os R$ 5,4125. Veja mais
cotações.
Na
última sexta-feira, a moeda norte-americana subiu 0,28%, cotado a R$ 5,3819.
Com
o resultado, acumulou altas de:
- 0,80% na semana;
- 2,24% no mês;
- 10,60% no ano.
No
mesmo horário, o Ibovespa caía 0,50%, aos 119.065 pontos.
Na
sexta, o índice fechou com uma alta de 0,08%, aos 119.662 pontos
Com
o resultado, acumulou quedas de:
- 0,69% na semana;
- 1,77% no mês;
- 10,62% no ano.
O que está
mexendo com os mercados?
Na
agenda interna, o principal destaque da semana fica com a decisão do Copom.
Hoje, inclusive, o Boletim Focus - relatório do BC que reúne as expectativas de
economistas do mercado para indicadores econômicos - mostrou pela
primeira vez que os especialistas não projetam mais nenhum corte para a taxa
Selic em 2024.
Até
então, as instituições financeiras projetavam uma redução de 0,25 ponto
percentual no juro básico, para 10,25% ao ano - estimativa que foi abandonada.
Vale lembrara que, no começo do ano, o mercado acreditava que a taxa Selic
encerraria 2024 a 9% ao ano.
O
Focus também prevê uma inflação maior para 2024, a 3,96% no fim do ano. Até
semana passada, as projeções eram de uma inflação de 3,90%. O mesmo vale para
as estimativas para a taxa de câmbio: economistas acreditam que o dólar vai
fechar o ano a R$ 5,13, contra R$ 5,05 na última semana.
Todas
esses fatores, na verdade, se relacionam. Um dólar mais caro pressiona a
inflação brasileira, já que a nossa economia importa muitos produtos. Com
preços maiores, o BC não consegue continuar reduzindo as taxas de juros.
E
o que tem impulsionado o dólar, principalmente, é a perspectiva de juros altos
por mais tempo nos Estados Unidos. Analistas previam que o Federal Reserve (Fed, o banco central
americano) deveria iniciar um ciclo de corte nas taxas americanas no começo do
ano, o que não aconteceu.
Agora,
o mercado espera que isso ocorra somente uma vez no último trimestre, tendo em
vista que a economia dos Estados Unidos se mostrou resiliente durante todo o
primeiro semestre.
Junto
a isso, pesa a incerteza fiscal sobre o Brasil. Na última semana, falas do
presidente Lula aumentaram a percepção de que o governo não conseguirá reduzir
seus gastos, o que fez disparar o preço do dólar.
Hoje,
Lula e sua junta econômica - Rui Costa, ministro da Casa Civil; Fernando
Haddad, ministro da Fazenda; Simone Tebet, ministra do Planejamento; e Esther
Dweck, ministra da Gestão - se reúnem para falar sobre o orçamento.
"Eu quero fazer a discussão
sobre o orçamento e quero discutir os gastos. O que muita gente acha que é
gasto, eu acho que é investimento", afirmou Lula no sábado (14), ao
encerrar viagem à Itália.
O
presidente deu a declaração em um cenário de pressão de economistas,
empresários e investidores para que o governo reduza despesas. Entre as
propostas, está a mudança nas regras que tratam dos investimentos mínimos em
saúde e educação, a fim de equilibrar o orçamento.
Lula,
no entanto, afirmou que não fará ajuste de contas "em cima dos
pobres". O presidente costuma frisar, em discursos, que considera
"investimento" o dinheiro destinado à educação. Na semana passada,
ele destacou que não pensa em economia apartada do lado social.
Fonte: G1
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