Parcelas de financiamentos rurais que somam quase R$ 43 bi poderão ser adiadas

Valor se refere a financiamentos para investimentos rurais com vencimento em 2024


A soma das parcelas de financiamentos para investimentos rurais com vencimento em 2024 passa de R$ 42,8 bilhões. São mais de 1,7 milhão de contratos nessa situação, segundo dados do Banco Central. Cerca de 55% dessas operações receberam subsídios do governo, como a equalização de juros

Com a previsão de quebra na safra de grãos, o Ministério da Agricultura articula a prorrogação dessas prestações para dar um alívio aos produtores que terão receita menor. A medida será tratada em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira (30/1).


Ainda não há estimativa de custos aos cofres públicos para prorrogar as parcelas de investimentos. Nem definição se todas as operações serão alongadas. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que é preciso fazer um filtro para identificar quais financiamentos precisarão da medida.

 

O maior volume de contratos e valores com vencimento em 2024 está na região Sul, onde o clima impactou menos as lavouras de soja até agora. São 705,2 mil contratos cuja soma das parcelas de investimentos a vencer é de R$ 13,1 bilhões.

 

No Centro-Oeste, alvo de maior preocupação devido aos relatos de perdas mais acentuadas na produção de soja, são 120,7 mil contratos com parcelas a vencer em 2024. Elas somam R$ 12,9 bilhões. Nas demais regiões do país estão vigentes outros 957,4 mil contratos cujas prestações com vencimento neste ano somam R$ 16,7 bilhões.

 

Na sexta-feira, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) enviou um ofício com sugestões de medidas de socorro ao setor para o secretário de Política Agrícola, Neri Geller. A entidade indicou a necessidade de R$ 1,55 bilhão extras no orçamento da União para a equalização de juros de operações que precisarão ser prorrogadas e de novos contratos que serão necessários para capital de giro dos agricultores.

Até a semana passada, o Tesouro Nacional não tinha uma estimativa de custo para a prorrogação desses financiamentos. Segundo o órgão, não é possível afirmar que a queda da Selic e o ritmo menor de contratação de novas operações de investimentos na safra 2023/24 tenham proporcionado uma “sobra” no orçamento para equalização de juros em 2024, o que abriria espaço para bancar esse alongamento. A verba para subvenção dessas operações neste ano é de R$ 3,4 bilhões.

A quebra na produção brasileira será tema de nova reunião da Câmara Setorial da Soja nesta terça-feira, no Ministério da Agricultura. A Conab vai apresentar uma posição sobre as estimativas para a colheita e detalhar a metodologia adotada nos levantamentos, que têm sido contestados pelo setor. Consultorias privadas vão mostrar relatórios sobre a safra e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vai encaminhar suas propostas de medidas emergenciais para os produtores.


Fonte: Rafael Walendorff — Brasília