Seca e queimadas comprometem plantio da soja no PR e MT
Agricultores dos estados aguardam ansiosamente por chuvas para iniciar o plantio, após um período de seca prolongada.
A seca e os focos de queimadas que atingem o Sul e o Centro-Oeste do Brasil estão comprometendo o início do plantio de soja nas principais regiões produtoras do país. No Paraná e Mato Grosso, estados que lideram a produção da commodity, o cenário climático tem gerado grande preocupação entre os agricultores, que aguardam condições mais favoráveis para dar início ao plantio.
Segundo especialistas, as condições atuais de seca intensa e queimadas podem prejudicar o desenvolvimento da planta. No Paraná, o plantio deveria ter começado no início de setembro, mas foi adiado. No Mato Grosso, onde o vazio sanitário — período em que é proibido plantar soja para evitar a proliferação de pragas — terminou no dia 7 de setembro, os produtores também se mantêm cautelosos.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os focos de calor no Brasil dobraram em 2024, comparado ao ano anterior, totalizando mais de 159 mil focos. No Mato Grosso, o número de queimadas em agosto chegou a 14.617, seis vezes mais que o registrado no mesmo mês de 2023.
Os níveis de umidade no Centro-Sul do Mato Grosso estão abaixo de 6,5%, quando o ideal seria entre 20% e 30%, segundo o meteorologista Willians Bini, diretor da Tempo e Clima na Meteoblue. “As temperaturas do solo ultrapassam 60°C, comprometendo a germinação das sementes. Iniciar o plantio agora seria um risco elevado”, afirma Bini, recomendando aguardar as primeiras chuvas, previstas para o início da primavera.
Além da seca, o fenômeno La Niña, previsto para atuar até fevereiro, pode agravar a situação, trazendo chuvas irregulares para a região. No entanto, Luiz Fernando Gutierrez, consultor da Safras & Mercado, ressalta que, apesar das queimadas serem uma preocupação, o principal problema é a falta de chuva. “O solo úmido é essencial para que as sementes de soja germinem e se desenvolvam”, destaca.
José Renato Farias, pesquisador da Embrapa Soja, alerta que o plantio sob condições adversas pode resultar em plantas fracas e raquíticas. O Brasil, que deve colher 169 milhões de toneladas de soja na safra 2024/25, enfrenta o desafio de equilibrar as expectativas de produção com a incerteza climática.
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