Agroindústria de MT terá protagonismo mundial com iniciativas de inovação e sustentabilidade

A missão, que durou dez dias (de 15 a 24 de julho), proporcionou uma intensa agenda de visitas a indústrias, fazendas, centros de inovação, e universidades no meio-oeste americano, no estado de Illinois


A Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai MT) e em parceria com Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), concluiu com sucesso a missão internacional Brazilian Techs Connection (BTEC) – Illinois 2024, um marco estratégico para impulsionar a agroindústria do estado em um cenário global de crescente demanda por alimentos e energia sustentáveis.

Com o apoio do consulado brasileiro em Chicago e a chancela do Itamaraty, a missão foi um passo significativo na promoção da verticalização e inovação no setor.

A missão, que durou dez dias (de 15 a 24 de julho), proporcionou uma intensa agenda de visitas a indústrias, fazendas, centros de inovação, e universidades no meio-oeste americano, no estado de Illinois.

Foram exploradas tecnologias de ponta e modelos de pesquisa, de produção e de processos em locais como o AgLab USDA, maior centro de pesquisa para o desenvolvimento da agricultura do mundo; a IFT First – Feira Internacional de Foodtech, onde o Instituto Senai Tecnologia de Mato Grosso apresentou uma pesquisa sobre transformação de DDG em alimentação humana; universidade e centro de inovação de McHenry County, entre outras agendas que abriram portas para futuras colaborações e parcerias internacionais.

O Brazilian Techs Connection tem o foco específico de promover conexões de negócios entre as empresas startups de tecnologia brasileiras com a região Illinois, nos Estados Unidos. Por meio de edital, foram selecionadas 10 empresas de tecnologia que já produzem soluções de alto impacto para indústrias e agroindústrias. O Btec ofereceu a possibilidade de conexões, mentorias e negócios, tendo os participantes custeados suas próprias despesas.

Crescimento e protagonismo da agroindústria de Mato Grosso

Mato Grosso já é destaque nacional na produção de algodão, milho, soja, carne bovina e gergelim. A agroindústria, que transforma matérias-primas agropecuárias em produtos de maior valor agregado, representa cerca de 5,9% do PIB estadual. Com uma população mundial em crescimento e uma previsão necessidade de aumento de 70% na produção de alimentos até 2050 para atender a demanda global, conforme a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Mato Grosso se posiciona como um importante protagonista neste cenário.

O estado, atualmente campeão na produção de várias commodities, está em um ciclo de desenvolvimento focado na eficiência, sustentabilidade e competitividade. De acordo com projeções do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), nos próximos dez anos, a produção de soja deve crescer 46%, bovinos 40%, aves 80%, algodão 52% e milho 79%.

Com relação a indústria, Mato Grosso possui 15.581 estabelecimentos industriais, sendo 3.001 agroindustriais - 19% do total dos estabelecimentos da indústria de Mato Grosso é agroindustrial.

Para o presidente da Fiemt, Silvio Rangel, esses números reforçam a importância de iniciativas como o BTEC para capacitar o setor e integrá-lo a redes globais de inovação, aumentando a verticalização do que é produzido aqui.

“Já somos um grande produtor, temos capacidade de aumentar a produção com sustentabilidade e o mundo precisa de alimento e energia. Então temos uma combinação perfeita para impulsionar a industrialização do que produzimos no campo. Tenho certeza que a agroindústria representará o novo salto do ciclo de desenvolvimento de econômico de Mato Grosso.

E isso é bom para todo mundo, pois teremos produtos com maior valor agregado, mais arrecadação de impostos, mais emprego e renda”, afirmou.

Experiência americana

O estado de Illinois foi escolhido por sua robusta produção agropecuária e, ao mesmo tempo, ser o segundo maior polo de processamento de alimentos do Estados Unidos, oferecendo um modelo exemplar de como a produção agrícola pode ser integrada e otimizada com o processamento industrial.

Presidente da Famato, Vilmondes Tomain, explica que, apesar da alta produtividade e robustez da agricultura brasileira, esse atual modelo de produção moderno existe há cerca de 30 anos no Brasil, enquanto nos Estados Unidos a produção agropecuária moderna já está consolidade há mais de 100 anos. Por isso, missões como a BTEC são sempre valiosas.

Ele também compara alguns benefícios que os produtores americanos têm, além da eficiência tecnológica, como a legislação ambiental menos rígida e incentivos financeiros para a produção sustentável.

“No Brasil, também fizemos grandes avanços e temos uma alta produtividade e qualidade, até mesmo maior do que os Estados Unidos em alguns casos. Mas aqui eles buscaram alternativas para melhorar a vida do produtor, seja com mais agregação de valores, conhecimento. O trabalho que o Senar faz é importante e essa união dos setores, como estamos fazendo aqui, renderá bons frutos para o nosso estado”, afirmou.

Impacto da Iniciativa BTEC

O diretor do Senai MT, Carlos Braguini, destacou a relevância da missão para estabelecer conexões mais profundas e parcerias estratégicas que possam transformar a agroindústria de Mato Grosso. "Foram dias de muita conexão e aprendizado. O que propomos é fazer de Mato Grosso um centro de inovação e tecnologia aplicado à agroindústria, tornando nossas instituições, como o Senai, ainda mais relevantes para o desenvolvimento do estado", afirmou.

Como resultado dessa missão, podem ser firmados acordos e cooperação para estudos e pesquisas, projetos de benchmark agroindustrial, desenvolvimento de eventos técnicos, científicos e acadêmicos, projetos de aceleração de empreendedorismo agroindustrial, intercambio de estudantes, formação executiva de profissionais, atualização de infraestrutura tecnológica e rodadas de negócios entre clientes e parceiros.

Fonte: Estadão Mato Grosso