Desigualdades sociais em Mato Grosso

O estado ainda tem 5,8% de sua população considerada analfabeta


Na última semana, duas instituições respeitadas mundialmente, divulgaram estudos que confirmam a urgente necessidade de Mato Grosso vencer um dos seus grandes desafios estratégicos: reduzir as desigualdades sociais e manter o acelerado ritmo de crescimento.

O primeiro é o estudo “Censo 2022 – Alfabetização: resultados do universo”. Produzido por pesquisadores do IBGE a partir de dados do Censo 2022, trás uma radiografia da situação do analfabetismo no país. O indicador é construído a partir de pergunta feita a pessoas com 15 anos ou mais, se consegue escrever sozinha um bilhete simples. As que responderam “não” são consideradas analfabetas. A pesquisa mostra que, em 2022, o Brasil tinha 5,4% de sua população com 15 anos ou mais consideradas analfabetas, abrangendo um contingente de 9,3 milhões de brasileiros.

Nessa pesquisa, Mato Grosso ocupa posição intermediária. Não está nas piores posições, mas também não ocupa as primeiras, atribuídas ao Distrito Federal, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Outro estudo faz uma atualização da situação do desenvolvimento humano em todos os estados e municípios brasileiros em 2021. Foi publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud). O IDHM estima o estágio de desenvolvimento humano das populações com base no acesso ao conhecimento (educação), uma vida longa e saudável (saúde) e condições de vida decente (renda).

O índice vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor a condição de vida da população do município.

Novamente Mato Grosso aparece em situação intermediária, ocupando a 11ª. posição entre os 27 estados. O IDHM do estado é considerado alto (0,736), mas, abalrroado pela pandemia da covid-19, caiu 5,5% em relação ao mesmo índice de 2019, que era de 0,779.

Ficamos atrás de Goiás e Mato Grosso do Sul. Os estados com os melhores IDHM (muito alto) são Distrito Federal (0,814) e São Paulo (0,806).

Outro indicador que reflete o paradoxo de um estado cuja economia cresce a taxas chinesas ao mesmo tempo que convive com desigualdades sociais: a elevada quantidade de famílias que dependem dos programas de transferência de renda dos governos estadual e federal para sua sobrevivência básica.

Comparativamente com outros estados, nos três indicadores sociais Mato Grosso não está tão mal posicionado. Mas quando a comparação é feita levando em consideração o desempenho econômico, nota-se um hiato desconfortável entre a posição econômica e a social. Se exercitarmos uma analogia com o futebol, no jogo econômico, o estado ganha o campeonato nacional e sempre disputa as finais da Libertadores da América. Já no campeonato social, lutamos no grupo intermediário do Campeonato Brasileiro, onde estão aqueles clubes que não têm risco de rebaixamento para a série B, mas também não alcançam os quatro primeiros lugares.

É de amplo conhecimento nacional e global o “case” de sucesso da economia Mato-grossense a partir da década de 1990. O estado consolidou-se como potência econômica emergente, ocupando a posição de liderança nacional em produção agropecuária e na agroindustrialização, aumentando sua participação relativa no PIB brasileiro de 0,69% para 2,6% (IBGE, 2021).

A despeito de Mato Grosso figurar sempre entre os cinco melhores estados em crescimento econômico, não ocupa as mesmas posições de destaque quando se trata de indicadores sociais e educacionais.

O desafio estratégico de Mato Grosso é também se tornar campeão nacional em qualidade de vida e oportunidades de ascensão social.

A transição para estado desenvolvido exige superar as desigualdades econômicas e sociais. É condição sem a qual o estado corre o risco de não ter o mesmo sucesso conquistado na transição de economia de subsistência para a de potência agroindustrial.

Não basta simplesmente continuar crescendo de forma acelerada. Para se tornar sustentável, um novo ciclo econômico precisa contemplar a redução das desigualdades econômicas e sociais, ou seja, crescer com mais qualidade e mais oportunidades.

Fonte: Única News/Vivaldo Lopes


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