Moratória da Soja atenta contra função social da terra e contribui para formação de favelas rurais
Acordo comercial foi tema de seminário realizado pelo Tribunal de Contas do Estado e pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso
Mais de mil pessoas, dentre produtores, prefeitos,
vereadores e demais autoridades participaram do seminário “O Impacto das
Moratórias da Soja e da Carne nas Desigualdades Sociais”, realizado pela
Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e
Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), na tarde dessa terça-feira (28), em
Cuiabá.
Os participantes defenderam a extinção da
Moratória, que é um acordo comercial que restringe a comercialização de soja
produzida em áreas convertidas em agricultura no bioma amazônico após 2008,
mesmo que legalmente, respeitando o limite de uso de apenas 20%, conforme
determina o Código Florestal brasileiro.
O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber,
destacou que o acordo põe em risco um Valor Bruto da Produção da ordem de R$ 23
bilhões, segundo dados da consultoria Agrosatélite com análises da equipe
técnica da Entidade. Com isso, o acordo impede o crescimento econômico e social
de municípios de todos os Estados da região amazônica.
“Municípios que tem potencial para crescer, para
converter pastagens em lavouras, ou até mesmo o produtor converter florestas em
lavoura, dentro da lei, não avançam, impedindo a redução das desigualdades
sociais, de trazer mais arrecadação, mais investimentos e melhorando o
bem-estar social da população”, disse Lucas.
“Na Amazônia, vivem mais de 28 milhões de
brasileiros e nenhum deles pode ser condenado à miséria ou ser segregado, para
dizer quem pode ou quem não pode usar sua terra”, completa.
Já o consultor de Política Agrícola da Aprosoja-MT,
Thiago Rocha, defendeu que o produtor tem o “dever” de usar 20% da sua
propriedade, conforme permite a lei brasileira. Isso porque o proprietário
precisa cumprir a função social da terra produzindo alimentos, para que ela não
se torne uma propriedade improdutiva.
“O produtor precisa cumprir a função social da
terra e isso passa por grau de utilização acima de 80% e grau de eficiência de
100%”, pontua Rocha. “Essas empresas estão atentando contra, e concorrendo para
o não atendimento ao princípio da função social da propriedade. Estão criando
áreas passíveis de desapropriação e contribuindo para a formação de favelas
rurais”.
Thiago Rocha destacou também que Mato Grosso tem
vocação para fazer duas safras, podendo ser de soja e milho, soja e feijão ou
soja e arroz. Ademais, Mato Grosso consegue fazer até três safras no mesmo ano.
Portanto, explica Thiago Rocha, a monocultura não é de interesse dos produtores
mato-grossenses.
O presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo,
anunciou que a Corte fará uma auditoria nos benefícios fiscais recebidos pelas
empresas que fazem parte do acordo, pois impede a circulação de recursos na
economia de Mato Grosso e aprofunda as desigualdades regionais, entre áreas já
consolidadas na produção e as que ainda não exploraram esses potenciais.
“A lei diz que a empresa que recebe incentivo
precisa devolver desenvolvimento e geração de emprego. Neste ano, foram
destinados mais R$ 14 bilhões em incentivos pelo estado, então queremos saber o
que as empresas incentivadas estão devolvendo para o cidadão de Mato Grosso”,
afirmou o conselheiro-presidente.
Já o vice-presidente Norte da Aprosoja-MT e
presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson Redivo, destacou que o Código
Florestal brasileiro permite que sejam utilizados apenas 20% da terra no bioma
amazônico, sendo a regra ambiental mais rígida do mundo. Ainda segundo Redivo,
é preciso eliminar a Moratória, para permitir o desenvolvimento de Mato
Grosso.
“Estão pregando o estrangulamento do
desenvolvimento do Estado, impedindo que novas regiões cresçam, distanciando
regiões mais desenvolvidas de regiões menos desenvolvidas. E nós não queremos
isso com o Estado de Mato Grosso. Nós queremos que todas as regiões tenham a
possibilidade de se desenvolver”, defende Redivo.
Fonte: Felipe Leonel
Foto: Léo Campos
Outras notícias
OPINIÕES
Vídeos
Contato Comercial
Preencha as informações abaixo, apresentenaremos as vantagens dos nossos produtos e serviços para sua empresa.