Prejuízos na segunda safra de milho devem impactar toda cadeia de produção
A safra de soja 2024/25 vai impactar diretamente na segunda safra de milho em Mato Grosso.
A safra de soja 2024/25 vai impactar diretamente na segunda safra de milho em Mato Grosso.
O atraso na semeadura da oleaginosa, que segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), está com menos da metade de área plantada em relação ao mesmo período do ano passado, somado a temperaturas normais para esta safra, o que não aconteceu em 2023 quando as temperaturas estavam elevadas, encurtando o ciclo da soja, representam um grande desafio para a produção de milho, que deve entrar em uma janela de risco segundo o presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber.
“No ano passado, nós tínhamos 60% de área plantada de soja, esse ano, no mesmo período, só temos 25% de área semeada, isso impacta diretamente na segunda safra do milho, ou seja, o milho vai ser semeado fora da janela de segurança, dentro da janela de risco, e parte da safrinha será semeada fora da janela” afirmou Lucas.
Com isso, grande parte da produção ficará exposta a riscos climáticos, e a expectativa da produtividade de colheita da safra de milho em 2025 pode ser severamente comprometida. Um cenário que exige uma boa gestão, e estratégias para minimizar os impactos, principalmente porque o clima, continua instável, como afirma o presidente da Aprosoja MT.
PREVISÕES – “Segundo fonte do Agritempo e da Rural Business, em um relatório de pluviosidade do Brasil, mostrava uma média entre 30 a 90mm de chuva, ou seja, grande parte do território está com pouca reserva de umidade no solo. A safra de soja no Brasil e a safra de milho já estão comprometidas”, disse Lucas.
O presidente da Aprosoja MT ainda destacou sobre o
cenário instável nos preços dos fertilizantes, o que afeta diretamente o bolso
do produtor e compromete as decisões de plantio. No caso dos nitrogenados, a
relação de troca desfavorável com o milho, somada ao atraso na semeadura da
soja, tem levado os agricultores a adiarem suas compras. Essa postura cautelosa
é justificada pelos altos custos, pelo cenário internacional incerto e pelo
ritmo mais lento do plantio.
“A guerra no Oriente Médio tem prejudicado, já que
Irã, Israel e outros países daquela região são exportadores de nitrogênio,
inclusive o Brasil importa grande parte de nitrogênio para a produção de
milho”, ressaltou o presidente.
Outra preocupação é que, todos esses fatores juntos,
podem impactar no futuro, quando a produção de milho pode não ser suficiente
para a importação e consumo interno.
“Mesmo se no ano que vem nós tivermos uma safra normal, há um cenário positivo para o mercado de milho. Porém, se tivermos uma quebra de safra de milho, o problema se agrava e o Brasil poderá importar mais milho para atender o mercado, porque a demanda tem aumentado interna e externamente por milho no mundo inteiro” finalizou Lucas Costa Beber.
FALTA DE CHUVAS – A falta de chuva é o principal fator para que o maior produtor de soja do país, Mato Grosso, venha contabilizando o menor ritmo de semeadura dos últimos três anos.
Diante desse cenário, os produtores de todo estado já
ficam preocupados com a semeadura do milho na segunda safra. Em comparação com
o mesmo período do ano passado, segundo o Imea, em outubro de 2024, mais de 60%
da soja já havia sido semeada no estado. E se for levar em consideração, a
média dos últimos cinco anos, o atraso é de quase 20%.
Na região de Carlinda, muitos produtores começaram a
plantar agora como contam o produtor e delegado coordenador do Vale Teles Pires
da Aprosoja MT Mateus Berlanda e o produtor Willian Piloni.
“Alguns produtores iniciaram o plantio em setembro,
mas muito poucos, porque a maioria está soltando o plantio essa semana e outros
ainda vão soltar”, disse Mateus.
“O meu plantio iniciei dia 8 de outubro e até o momento tem apenas duas chuvas acumuladas, e estou com 40% da área plantada.
A minha
expectativa é que dê um clima bom e que a gente consiga ter uma produtividade
alta. A agricultura é uma atividade de incertezas, todo ano a gente enterra
todo o capital e fica esperando com o joelho no chão o resultado com a
colheita”, comentou Willian.
Em Nova Canaã do Norte, a situação não é diferente. Segundo o produtor Roberto Calzolari o atraso no plantio também foi afetado pela estiagem, mas o início das chuvas já faz ele ter mais expectativas.
“Começou um pouco preocupante, porque iniciou a chuva
no comecinho de outubro, fugiu um pouco, mas agora retomou. Acredito que já tem
uns 40% do plantio realizado e que daqui para frente as coisas se normalizem”,
afirmou Roberto.
Pedro Calzolari, que trabalha junto com o seu pai
Roberto, destaca que em sua propriedade eles só trabalham com a previsão do
tempo. “Temos que ficar de olho sempre de 10 a 15 dias, porque só assim
montamos uma grade de serviço”, disse Pedro.
Na safra 2023/24, os agricultores mato-grossenses
produziram cerca de 39 milhões de toneladas da oleaginosa. E para safra
2024/25, a estimativa do Imea é de um aumento de aproximadamente 12,8%. Mas
tudo vai depender se o clima vai continuar ajudando e para o diretor administrativo
da Aprosoja MT, Diego Betuol o atraso no plantio afeta não só a safra de soja,
mas a próxima safra de milho também.
“Tem municípios que ainda nem conseguiram começar o seu plantio, devido ao índice pluviométrico de 10, 15, 20mm. Isso traz insegurança para o produtor porque ele não consegue ter sua planta em condições ideais. O que preocupa ainda mais é a segunda safra de milho, hoje nós estamos falando em quase um mês de atraso de chuvas contínuas.
Nós sabemos que 90% da safra de milho do estado de Mato Grosso advém da sua segunda safra, então isso compromete totalmente sua produtividade, tem produtores que não vão investir tanto e alguns decidiram que nem vão plantar mais”, finalizou Bertuol.
Fonte: MT Econômco
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