Mudanças de gestão e os impactos na saúde
Os impactos que ano eleitoral podem causar no funcionamento do SUS
E lá
vamos nós para mais um ano de eleições municipais, com a escolha de prefeitos e
vereadores. Acredito que todo mundo já tenha se “acostumado” a vivenciar este
período com tantas mudanças, saída de gestores, novos assumindo, enfim, aquelas
trocas que são comuns na política brasileira. Mas será que a população tem
noção do impacto que isso gera na saúde?
Isso
mesmo! Essas trocas muitas vezes impactam as pastas da saúde nos municípios,
com muitos secretários municipais de saúde deixando a pasta para construírem
novos desafios, sendo um deles, uma carreira política como vereadores ou
prefeitos.
Quem
é secretário de saúde, e posso dizer com propriedade, sabe o quanto gerir a
pasta requer competências e habilidades em diversas frentes, que envolvem
conhecimento na própria área de saúde, como em licitação, sistemas de
informação, contabilidade e administração pública, gestão de pessoas,
planejamento, monitoramento, estratégias e tantas outras que nem são possíveis
enumerar.
Isso
é uma construção que demanda tempo, aprendizado e insistência, uma vez que cada
município tem a sua realidade, e não existe manual que atenda de forma completa
as peculiaridades de cada município. É o gestor, no dia a dia, com a sua
equipe, que de fato faz o Sistema Único de Saúde (SUS) acontecer em cada canto
dos ainda 141 municípios mato-grossenses, que após outubro seremos 142.
O
aprendizado é constante e cumulativo. Posso exemplificar com a atuação do
Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (Cosems/MT), do qual
presido. Nós secretários de saúde realizamos diversas reuniões, alinhamentos e
pactuações rotineiramente, entre reunião de colegiado, de intergestores,
reunião bipartite, conferências, oficinas e tantas atividades de alinhamento
com a equipe municipal, regional e estadual. Afinal, qualquer caminho errado é
muito prejudicial para os que dependem do SUS.
Toda
vez que um secretário, que já tem em seu arcabouço tanta expertise, sai da
pasta, surge um novo desafio, que é apoiar este gestor com informações,
assessoramento técnico, para que a saúde e tudo que vinha sendo construído não
seja perdido. Recentemente, lendo uma matéria sobre esse mesmo tema, deparei-me
com um dado que registra esse impacto. Segundo pesquisa do Instituto de Estudos
para Políticas de Saúde (IEPS), nesse período de transição é necessário ter
atenção na correta aplicação de recursos, para que indicadores não tenham
queda.
Esse
cenário de troca de gestão, a cada quatro anos, deveria levar em conta a
expertise técnica dos profissionais que ali atuam, gestores que hoje se
encontram com mais preparo para assumir a pasta da saúde, devido a sua
complexidade. Na verdade, essa realidade não é exclusiva de Mato Grosso. O
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), inclusive,
lançou uma cartilha com recomendações para o encerramento da gestão.
Nesse
contexto você deve estar se perguntando, mas vai fazer o quê? Sabemos que não
existe segurança em cargos de indicação política, mas acredito que um dos
caminhos seja a valorização dos profissionais de saúde que assumem essa pasta,
possibilitar o conhecimento e reconhecimento, para que a expertise desse
profissional não seja substituída pela mudança de gestão.
Em
Mato Grosso existem secretários de saúde que estão no cargo há anos,
desenvolvendo um trabalho sólido, que avança a cada ano, e não é “interrompido”
com as mudanças em anos eleitorais. Acredito que a sociedade e os próprios
políticos precisam entender que a pasta de saúde deve “abrigar” profissionais
técnicos, moldados no dia a dia do município. Da mesma maneira os salários
devem ser vistos com carinho, já que é muita responsabilidade exigida desse
cargo.
Mas,
enquanto isso não acontece no meio de tantas mudanças, eu e meus colegas
Diretores do Cosems/MT, que é este Colegiado que congrega os secretários
municipais de saúde, juntamente com o corpo técnico do Cosems, estamos prontos
para apoiar este novo secretário que assume, para que a população não sofra com
essas mudanças.
Recomendo
aos gestores que deixam o cargo, prestar atenção aos instrumentos de gestão que
devem estar em dia, observar as mudanças que devem ser feitas nas informações
do fundo de saúde, afinal é o seu CPF que está lá como ordenador de despesas.
Prestar atenção ainda ao patrimônio, prestação de contas e saldo em contas.
Façam a transição das informações, isso é primordial, pois a saúde não para um
dia sequer. Aos que chegam, tomem posse dessas informações. Nós do Cosems/MT
estamos prontos para ajudar o gestor e não deixar a saúde parar.
E
assim seguimos, subindo e descendo degraus nessa infinidade de siglas e
atividades que envolvem uma área tão primordial para os munícipes que é o SUS!
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